O transplante de medula óssea, autólogo ou alogênico, de doador aparentado ou não, de sangue de cordão umbilical é uma das maiores conquistas da ciência moderna e um poderoso instrumento na luta contra o câncer e outras doenças que acometem a medula óssea.

No passado grandes avanços foram feitos no transplante de medula óssea, células-tronco e sangue do cordão umbilical. Um número crescente de pacientes com doenças do sangue agora pode desfrutar de uma segunda chance na vida, graças aos esforços de médicos e pacientes que foram pioneiros neste tratamento que salva vidas. A história do transplante é uma aventura magnífica do espírito humano na busca da cura do câncer e no desenvolvimento da ciência moderna.

Em 1955, o Dr. E. Donnall Thomas começou a pesquisar a possibilidade de usar o transplante de medula óssea para curar humanos com doenças potencialmente fatais mas apenas em 1960 ocorreu o primeiro transplante de medula bem-sucedido usando medula óssea de um gêmeo idêntico. Em 1968 ocorreu o primeiro transplante de medula óssea bem-sucedido usando medula de um irmão que NÃO era um gêmeo idêntico e 5 anos depois sucesso em transplante em doador não aparentado, o que estimulou a criação de registros de doadores por todo o mundo. Os transplantes autólogos (transplantes usando
células-tronco do próprio paciente em vez de células do doador) foram desenvolvidos em 1980 e agora são realizados com mais frequência do que os transplantes usando células do doador e em 1988 é realizado o primeiro transplante de cordão umbilical.

No Brasil, o primeiro transplante de medula óssea foi realizado em Curitiba, no
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pelos hematologistas Ricardo Pasquini e Eurípedes Ferreira em 1979.

Avanços como melhor escolha de doadores, quimioterapia menos tóxica antes do transplante e uso de doadores não aparentados tornaram os transplantes mais seguros e mais amplamente disponíveis.

O presente: Em 1994 um grupo de cidadãos de nossa comunidade uniu esforços para a criação de desenvolvimento de uma entidade dedicada ao combate do câncer infantil. Tal esforço se justificava, e ainda se justifica, pela precária situação das crianças de nossa região quando acometidas por esta terrível doença. Entre os objetivos firmados nas primeiras reuniões estava a ambiciosa meta de implantar o Transplante de Medula Óssea em Juiz de
Fora em parceria com instituições públicas e privadas. Naquele momento, 15 anos após o primeiro transplante no Brasil e mais de 30 anos após o sucesso mundial do procedimento, estávamos inteiramente dependentes da boa vontade das instituições que eram autorizadas (principalmente Rio de janeiro, São Paulo e Curitiba) para receber nossos pacientes. Desnecessário falar sobre o drama pessoal e familiar enfrentado pelas pessoas acometidas pela devastação do câncer, razão maior de nossa responsabilidade de as apoiar e amparar nesta difícil trajetória.

Texto redigido pelo Dr. Angelo Atalla nosso diretor técnico científico.